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domingo, 30 de maio de 2010

Fixação de pesquisadores na Amazônia ainda é problema para o desenvolvimento

A falta de políticas que mantenham pesquisadores na região foi pauta na 4º Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia

Fixação de pesquisadores na Amazônia ainda é problema para o desenvolvimento

A 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação - CNCTI, que acontece esta semana em Brasília reúne pesquisadores de diversos lugares do Brasil e do mundo. No painel da Amazônia estiveram presentes como debatedores os representantes das universidades do Pará e de Rondônia, o pesquisador Adalberto Cardoso Arruda, e o médico pesquisador Luiz Hildebrando P. da Silva, além do secretário de C&T do Amazonas, Marcílio de Freitas e do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa, Adalberto Luís Val.

Para Adalberto Luís Val houve um crescimento bastante significativo nos investimentos em C&T no Brasil. “A Amazônia teve também um advento que contribuiu muito para o desenvolvimento da ciência na região, que foram as fundações estaduais de apoio à pesquisa”, disse. Segundo ele, a importância das fundações é que, além de possibilitarem um financiamento adicional, promovem “um pensar da ciência a partir das lideranças locais da Amazônia”.

O secretário de C&T do Amazonas, Marcílio de Freitas, destacou a necessidade de um projeto de C&T consistente que integre a Amazônia regionalmente e nacionalmente a um projeto econômico do Estado. Para ele é preciso valorizar as populações locais, implantar uma plataforma tecnológica que tire do isolamento as populações amazônicas e de alguma forma fortaleça os arranjos produtivos locais como psicultura, biotecnologia, nanotecnologia entre outras tecnologias modernas para o desenvolvimento das diversas economias dos estados que compõem a Amazônia.

Fixação de pesquisadores na Amazônia ainda é problema para o desenvolvimento  Fixação de recursos humanos

O maior gargalo que existe hoje na região, segundo o diretor do INPA, é a fixação de recursos humanos na região. Na opinião de Luís Val (foto), para resolver a questão é preciso primeiro ter um convencimento político no país de que a Amazônia é importante e que precisa de gente para estudá-la. “É preciso estudar novos produtos e processos a partir do coração da floresta para que seja possível providenciar as bases para a inclusão social e geração de renda. Sem isso nós vamos continuar vivendo os conflitos da região” disse.

Outra saída é estudar formas para modificar o arcabouço legal para a contratação de pessoal na região. “O que não se pode fazer é utilizar o instrumento bolsa, que é um instrumento para a capacitação de recursos humanos, como um instrumento para a fixação de recursos humanos na região. Com isso nós deixamos o sistema extremamente frágil e criamos um contingente de profissionais de alto nível que fica marginalizado no processo social do país” disso.

As bolsas não interferem no processo de recolhimento da seguridade social, portanto com o passar dos anos os pesquisadores envelhecem e não recolhem os impostos devidos para a seguridade social e o imposto para o fisco. “Portanto é preciso ter uma alternativa para o processo de fixação de recursos humanos na região. As bolsas são importantes e precisam continuar existindo e devem até aumentar. Mas deve-se ter isso como um processo para a capacitação de recursos humanos, e não para resolver uma carência de profissionais nas instituições na região”.

Mesmo com os avanços em capacitação e financiamento de pesquisa, o Brasil evoluiu pouco no que se refere à fixação de recursos humanos na Amazônia. O INPA, por exemplo, que já teve 1400 servidores, conta hoje com apenas 770.

Conferência de Biodiversidade

Uma das propostas do diretor do Inpa durante a 4º CNCTI é a de que seja realizada uma conferência de biodiversidade para estabelecer as bases para uma boa relação com o governo. “O fato é que, em termos de pesquisa, com o arcabouço legal que existe hoje, o Brasil está muito atrasado em relação aos próprios países da Amazônia”, afirmou o pesquisador. Para Luís Val, a impossibilidade do pesquisador brasileiro coletar material para fazer suas pesquisas está se impedindo o desenvolvimento científico no país. “Nós estamos perdendo o compasso com os demais países do mundo” .

Para ele a forma de proteger a biodiversidade do Brasil é chegar primeiro. “É preciso ter hegemonia na produção das informações e gente qualificada na Amazônia para se estudar o que se tem lá”.

No mundo inteiro os países estão se estruturando para estudar a biodiversidade e novos produtos da floresta que possibilitem a geração de renda e inclusão social. Na opinião do diretor, este é um ponto de extrema importância na 4º CNCTI. “Acho que precisamos sair daqui com uma proposta extremamente séria para que no próximo decênio possamos resolver a questão de fixação de recursos humanos nesses 60% do território nacional”.

A região amazônica tem apenas 4 mil doutores, sendo que metade não está mais envolvida com a produção de ciência. O Brasil produz 11 mil doutores por ano. Uma alternativa, de acordo com Luís Val, seria autorização para concursos e mudança na legislação de contratação para períodos menores, como já acontece nos Estados Unidos.

Notícias da Amazônia (Por Camila Fiorese)


Postado por: JEFFERSON

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